PT manifesta apoio aos moradores de Barras de Antas e cobra esclarecimento do Governo do Estado
Em audiência popular, realizada na comunidade tradicional de Barra de Antas, dirigentes petistas cobraram explicações do Governo do estado sobre a notícia de construção de barragem no rio Gurinhém que pode deixar a comunidade submersa.
No último dia 11 de fevereiro a comunidade ribeirinha de Barra de Antas, localizada no município de Sapé e na divisa com o município de Sobrado, realizou uma audiência pública de grande importância para a continuidade daquele povoado e em resistência às demandas que estão sendo impostas àquelas pessoas de cima para baixo, como salientou um dos participantes da mesa com a veemência de sua postura de cidadão consciente e indignado. A história e a memória daquelas pessoas jamais poderão ser apagadas pelas águas de uma barragem, que poderá deixar de baixo toda a comunidade tradicional de Barra de Antas.
A ideia da realização da audiência partiu de uma comissão de moradores locais junto com a direção do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, localizado na comunidade, com o objetivo de fazer um amplo debate com os demais moradores, cobrar esclarecimentos por parte do governo estadual, autor do projeto da Barragem, além de angariar o apoio de entidades populares e movimentos sociais com atuação na região e no estado.
O governo do estado não enviou representante à audiência para esclarecer as dúvidas e responder aos questionamentos dos moradores. Em janeiro deste ano os rumores de construção de uma barragem no rio Gurinhém e a provável inundação da comunidade se tornaram mais fortes, causando alvoroço e inquietação aos membros daquela comunidade ribeirinha. Desde então a comissão de moradores tenta em vão uma explicação do governo do estado através do secretário de recursos hídricos.
Segundo informações dos moradores, já foram feitos os levantamentos topográficos, no terreno, que levam os moradores a deduzir a extensão da área alagada, mas nenhuma satisfação foi dada aos moradores por parte dos representantes governamentais sobre possíveis indenizações, remanejamento das famílias, entre outras questões pertinentes.
Além disso, também a incerteza sobre o futuro e a integridade da casa onde morou João Pedro e Elizabeth Teixeira, hoje tombada como patrimônio histórico e sede da ONG Memorial das Ligas e Lutas Camponesas de Sapé, espaço de memórias e resistências do povo camponês. São muitas as incertezas e poucas as respostas oficiais.
Diante de todo o silêncio comprometedor do governo estadual, o secretário de finanças e planejamento do PT de Sapé, Miguel Alves cobrou lamentou a ausência do secretário de recursos hídricos da Paraíba, que não atendeu ao convite dos moradores e nem se dignou a enviar um representante para dar satisfação àquelas pessoas: “O secretário de recursos hídricos do estado, o senhor Deusdete Queiroga, deveria estar aqui nesta audiência para dar uma satisfação ao povo da Barra”. Sua ausência aqui nesta audiência é um desrespeito para com os moradores, que estão angustiados e ansiosos por uma explicação do governo”, concluiu.
Garibaldi Pessoa, secretário geral do PT de Sapé, por sua vez, alertou aos presentes da importância de estarem unidos e não se deixarem levar por promessas vãs oriundas de lideranças políticas terceirizadas, sem garantias concretas sobre o futuro da comunidade. “É fundamental que os moradores de Barra de Antas estejam unidos e atentos. Não é o governo que tem que dizer que os moradores tem que sair de suas casas. Se o governo quiser, ele modifica esse projeto e preserva a comunidade. Tem jeito pra tudo. De nossa parte estaremos aqui para lutar ao lado dos nossos amigos da Barra, como sempre estivemos”, finalizou.
A mesa de debates foi composta da seguinte forma:
O Sr. Léo, Prefeito Constituinte de Sobrado, João Lau, presidente do Sindicato Rural de Sapé, Marlon, Vereador de Sobrado, David Mathias de Sapé, Vereador de Sapé, Professor Rafael de Cruz do Espírito Santo e representante do CPT (Comissão Pastoral da Terra), André Brito, Presidente do Sindicato dos Agentes de Saúde e região, Professor Paulo Palhano do Campus IV de Mamanguape, Cida Ramos, Deputada Estadual da Paraíba, Weverton Rodrigues, historiador e representante da ONG Memorial das Ligas e Lutas Camponesas de Sapé e coordenador geral da audiência pública popular.
Outras lideranças e movimentos populares que participaram da audiência:
Edno Luna, Diretor de Cultura de Sobrado, Emanuel Luna do PCdoB de Sobrado, integrantes do Coletivo Sapé de Luta, Ana Almeida diretora da biblioteca de Sapé e representante do grupo de estudo e pesquisa sobre as Ligas Camponesas (GEPMSEP), Cosmo do Assentamento Nova Vivência, professores da UFPB, militantes do Coletivo Carlos Mariguella, Movimento Negro de Sapé, Movimento do Povo de Terreiro de Sapé, Grupo de Estudos Gepeees (UFPB IV). A população de Barra de Antas esteve presente maciçamente na audiência e participou ativamente.
Entenda o caso
Segundo informações extraoficiais, o projeto do governo do estado já realizou demarcações topográficas para construção de uma barragem no leito do rio Gurinhém que banha terras da região da comunidade tradicional ribeirinha Barra de Antas. Essa barragem serviria como um tipo de "caixa d'água a céu aberto" com o objetivo de “juntar” um considerável volume de água necessária para abastecer o Canal Acauã-Araçagi, passando por diversas localidades como Mari, Caldas Brandão, Curral de Cima, Jacaraú, Capim, entre outras. Todas essas medidas foram realizadas sem que os moradores fossem consultados ou informados, deixando-os totalmente alheios ao futuro das suas próprias vidas.
Ocorre que, segundo informações dos moradores de Barra de Antas, as demarcações topográficas indicam que o espelho d’água da barragem inundará não apenas a comunidade, (incluindo o campo santo, os equipamentos públicos, e as casas populares) mas também diversos lotes de terras de plantio de culturas de subsistência dos agricultores locais. Além disso, suspeita-se também que as águas possam inundar a sede do Memorial das Ligas Camponesas, marco histórico do município. Aliado a tudo isso está o silêncio do governo do estado que não apresenta o projeto a comunidade com toda a extensão dos danos causados pelo projeto no futuro.
As comunidades que correm o risco de serem inundadas e, consequentemente, deixar de existir são as seguintes: Barra de Antas, Chã de Barra, Sítio Bonito, Nova Vivência e Beira Rio.
O fogo de monturo, ao que parece, trocou de roupagem. Mas o Povo estará sempre atento quanto às intempéries vindas por ações que possa atingir os caminhos já percorrido e as conquistas garantidas, assim nós vamos continuar a luta seja de qual forma for, estar atentos e vigilantes nas sombras ainda existentes do latifundiário que pelo tempo só mudou de posição.
O segredo é unirmos todos pela memória sagrada dos que se foram, é um dever pelo sangue derramado dos mártires da luta por dignidade e direitos!
Da Redação. Com colaboração de Ana Almeida
Fotos: Miguel Alves; Ana Almeida; Lúcia Cruz.
Imagens da Audiência Popular no povoado Barra de Antas: