60 anos do assassinato de João Pedro Teixeira
Neste sábado, 02 de Abril, o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas realizará um ato em memória dos que deram suas vidas pelo direito de plantar e de colher.
Nesta data completam-se 60 anos do assassinato de João Pedro Teixeira, um dos líderes das Ligas Camponesas da Paraíba, esposo de Dona Elizabeth Teixeira.
O ato terá sua concentração na comunidade Barra de Antas, a partir das 14h, de onde sairá uma caminhada até o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, ali próximo.
João Pedro Teixeira, líder camponês, foi um dos fundadores das Ligas Camponesas de Sapé, em 1958, juntamente com Biu Pacatuba, João Alfredo, Pedro Fazendeiro e Ivan Figueiredo.
Assassinado por capangas do latifúndio, em 2 de abril de 1962, na rodovia Café do Vento, em Sapé, alvejado pelas costas com tiros de fuzil a mando de fazendeiros da Paraíba, segundo consta nos depoimentos e materiais jornalísticos anexados ao processo da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos - CEMDP (2013), os mandantes do crime foram Aguinaldo Veloso Borges, Pedro Ramos Coutinho e Antônio José Tavares. O crime teve evidente motivação política, com o objetivo de desmobilizar as lideranças camponesas da região.
João Pedro Teixeira é uma referência histórica na luta pela terra. A sua morte em 2 de abril de 1962 completa 58 anos e simboliza a criminalização dos movimentos populares no campo pré-golpe militar de 1964.
As Ligas Camponesas eram associações criadas por trabalhadores do campo como forma de organização política e ajuda mútua. Com frequência, as ligas despertavam a inimizade dos grandes fazendeiros e patrões latifundiários. A primeira liga surgiu em Pernambuco no ano de 1954 sob o nome de Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco. Ela ficava dentro do Engenho Galiléia e serviu de exemplo para que a iniciativa se espalhasse pelo nordeste, chegando até a Paraíba, onde trabalhava João Pedro Teixeira.
Apesar da condenação, todos os culpados pela morte de João Pedro foram absolvidos em março de 1965, pelo regime militar.
Em 15 de julho de 2013, a Comissão Nacional da Verdade e a Comissão Estadual da Verdade da Paraíba, realizaram, juntas, uma audiência pública no município de Sapé (PB) para ouvir depoimentos e colher informações a respeito das perseguições às Ligas Camponesas, além de outros casos de violências e mortes que continuam sem solução, como dos trabalhadores João Alfredo Dias (conhecido como Nego Fuba) e Pedro Inácio de Araújo (conhecido como Pedro Fazendeiro), também militantes da Liga Camponesa de Sapé, desaparecidos em setembro de 1964.
A comissão recomendou a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso de João Pedro para a identificação e responsabilização dos demais agentes envolvidos.
Desde janeiro de 2018, a importância de João Pedro Teixeira na história brasileira está reconhecida oficialmente pela lei 13.598/12, que inclui o nome do líder camponês no "Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria". O livro é confeccionado em aço, está exposto no Panteão da Pátria em Brasília (DF) e contém nomes como Zumbi dos Palmares, Anita Garibaldi e Chico Mendes.
A história de João Pedro Teixeira foi retratada no documentário “Cabra Marcado para Morrer”, obra-prima do cineasta brasileiro Eduardo Coutinho. Após perseguições políticas, o longa iniciado na época da morte foi retomado quase 20 anos depois quando Coutinho se reencontra com a viúva de Teixeira, dona Elizabeth, que vivia sob um nome falso no interior do Rio Grande do Norte.
Referência: ALVES, Cida. Vida, luta e morte de João Pedro Teixeira - 58 anos de seu impune assassinato.Brasil de Fato Paraíba, 2020. Disponível em: <https://www.brasildefatopb.com.br/2020/04/06/vida-luta-e-morte-de-joao-pedro-teixeira-58-anos-de-seu-impune-assassinato>. Acesso em: 01 de Abr. de 2022.