Sapé

Descaso ou incompetência? A triste realidade da saúde pública em Sapé

Faltam médicos no hospital, psiquiatra no Caps e até máscaras para os agentes comunitários de saúde

ícone relógio21/07/2021 às 22:55:12- atualizado em  
Descaso ou incompetência? A triste realidade da saúde pública em Sapé

O Portal Gestão Pública e Sociedade (GPS) publicou nesta quarta (19), um relatório divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) sobre a situação da Covid-19 no âmbito dos municípios paraibanos com o objetivo de apresentar uma visão geral dos municípios diante o cenário da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, bem como consolidar os relatórios inseridos nos processos de acompanhamento da gestão desses municípios. 

O TCE-PB selecionou diversas fontes de dados oficiais como o Ministério da Saúde, Portal da Transparência do Governo Federal, Secretaria do Tesouro Nacional – STN, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, SAGRES/TCE-PB, Sistema Tramita/TCE-PB e Portal do Governo Estadual da Paraíba. O relatório possui dados que vão até o final do mês de abril de 2021. Os dados advindos do SAGRES/TCE-PB foram coletados no dia 03/05/2021 e refletem a posição das despesas informadas ao citado sistema até essa data. (confira matéria completa em:  http://gestaopublicaesociedade.com.br/sape-e-o-9o-municipio-paraibano-com-o-maior-numero-de-mortes-por-covid-19/).

Segundo os dados apresentados no relatório e publicados na matéria, a Prefeitura de Sapé só teria investido 39% dos recursos destinados ao combate à pandemia e que o Município estaria em 9º lugar em relação à taxa de mortalidade no Estado.

Quem acompanha as propagandas veiculadas pela gestão municipal nas redes sociais, tem a ideia de que todos os esforços estão sendo feitos para que a população sapeense possa vencer a pandemia, mas, a realidade é completamente diferente.

Nos últimos dias recebemos diversas denúncias sobre o descaso com a saúde de Sapé e a situação é ainda mais grave na zona rural. Investigamos as denúncias e constatamos os seguintes fatos: 1) em diversas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) faltam insumos para curativos, medicamentos, material odontológico, algumas unidades faltam inclusive dentista e médico. 2) faltam Equipamento de Proteção Individual (EPI) para os funcionários da Saúde e para os agentes comunitários de saúde. Recebemos apenas 5 máscaras cirúrgicas para trabalhar durante a semana, e este tipo de máscara tem validade indicada, de apenas duas horas! Isso põe em risco a nossa vida e a vida das pessoas que assistimos diariamente.” Comentou André Brito, que é agente comunitário de saúde da área do Assentamento Padre Gino.

Mas a situação de abandono não se restringe apenas às UBSs. Podemos perceber em outras áreas como por exemplo no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), onde faltam medicamentos psicotrópicos e médico psiquiatra para atender e acompanhar os usuários.

Na zona rural há cinco microáreas sem agentes comunitários de saúde, dentre elas uma parte da Microárea de Renascença, (distrito importante do nosso município) e Sítio São João (popularmente conhecida como Tira Couro) área onde se localiza a propriedade da vice prefeita, do secretário de agricultura e de um vereador do nosso Município. Nessas áreas, a população fica sem ter acesso à informação sobre calendário de vacinas, sem acesso às vacinas e a diversos outros cuidados à saúde que deveriam ser ofertados pelas UBSs dessas microáreas.

Miguel Alves em entrevista ao Programa Conversa Fina nesta quinta (20.05.21))
Miguel Alves em entrevista ao Programa Conversa Fina nesta quinta (20.05.2021)

O hospital Regional Sá Andrade, carro chefe da campanha eleitoral do atual prefeito, encontra-se sem médicos, sem medicamentos e sem atendimento humanitário. A impressão que temos é que o município está sem secretário de saúde, sem gestão municipal, sem rumo. “É lamentável, e ao mesmo tempo revoltante, ver a situação que se encontra a saúde do nosso município e como é tratado o trabalhador da saúde! Falo isso porque já fui agente comunitário de saúde e sei a batalha que essa categoria enfrenta todos os dias para cuidar da população das suas microáreas e porque também sou cidadão sapeense, usuário do Hospital Sá Andrade.” Comentou o professor Miguel Alves em entrevista concedida ao Programa Conversa Fina, nesta quinta (20).

“O Conselho Municipal de Saúde tem apresentado as demandas para o secretário de saúde, mas há sempre uma justificativa quanto à licitação. Nada é feito”,  disse André Brito, que também é membro do Conselho Municipal de Saúde e diretor do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias (SINDACSACEN).

Diante dessa realidade, fica evidente portanto que a prioridade da gestão do prefeito Sidnei Paiva é marketing e propaganda, promoção pessoal, restando para a saúde, educação, geração de emprego e renda, combate à fome; apenas o descaso!

Queremos prestar nossa solidariedade às famílias das 96 pessoas vitimadas do Covid 19 no município de Sapé e das mais de 400 mil pessoas vitimadas pelo Covid 19 no Brasil.

 

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Rafael Soares é membro do diretório municipal do PT.